As vendas reais no comércio varejista do Estado de São Paulo cresceram 18% em abril, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em termos monetários, isso significa R$ 13.903,9 milhões a mais do que o apurado em abril de 2021. O dado é da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O estudo também demonstra que o faturamento atingiu R$ 91,1 bilhões no período – o resultado é o maior para o mês desde 2008, quando a série histórica teve início.
O nível das vendas varejistas no quadrimestre já supera em 23% o acumulado no mesmo período de 2019, e em 27% a média dos quatro primeiros meses do período, entre 2017 e 2019. De janeiro a abril, o setor registra crescimento de 12%, exibindo uma trajetória ascendente a cada mês e apontando variações significativas. Esse desempenho está ligado à queda do desemprego e ao aumento das contratações com registro em carteira, o que possibilitou que mais pessoas ficassem aptas a consumir.
Por outro lado, a aquisição de crédito pelas famílias – que estimulou a aquisição, em especial, de bens duráveis – e a injeção de valores consideráveis por meio dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) também estimularam o consumo. Outro fator que contribuiu foi a antecipação do décimo terceiro salário em valor médio maior do que no ano passado – devido ao maior contingente de pessoas com direito ao benefício.
Apesar do contexto favorável, a FecomercioSP destaca ser improvável que o atual ritmo de crescimento das vendas permaneça exibindo taxas de dois dígitos até o final do ano, sendo observados, já no segundo semestre, aumentos menores. Isso devido ao nível de endividamento, à inadimplência na capital, e ao aumento da taxa básica de juros para conter a inflação, que podem levar a uma desaceleração do crescimento das vendas.
Varejo paulistano
Na capital paulista, as vendas do varejo apresentaram crescimento de 22,2% no faturamento real, em relação ao mesmo período do ano passado – atingindo R$ 27,3 bilhões no mês. As mesmas razões que embasaram a alta substancial no Estado explicam o resultado da capital: redução do desemprego, com aumento do emprego formal, crédito em expansão, retirada do FGTS e antecipação de maior valor do décimo terceiro salário.
As taxas de crescimento também foram observadas em todas as nove atividades no mês de abril: lojas de vestuário, tecidos e calçados (101,8%); lojas de móveis e decoração (41,7%); eletrodomésticos, eletrônicos e L.D. (34,6%); outras atividades (32,2%); concessionárias de veículos (24,5%); autopeças e acessórios (23,1%); farmácias e perfumarias (9,4%); supermercados (7,8%); e materiais de construção (4,8%).
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.