A luz azul e a melatonina

 

A melatonina tem um papel extremamente importante no nosso organismo. Ela é um hormônio essencial no processo de sincronização do ritmo circadiano, em particular, do controle do sono e da vigília, bem como do metabolismo energético do corpo humano.

 

Outra característica importante da função neural que regula a síntese da melatonina é que a luz presente no meio ambiente, pode bloquear parcial ou totalmente a produção da melatonina. Dependendo da intensidade e comprimento de onda da luz que recebemos, principalmente a luz violeta com comprimento de onda entre 380 e 440 nm, podem complicar a síntese da melatonina produzida pela “glândula pineal”.

 

No caso, quem utiliza óculos, pode precisar de lentes que bloqueiam determinados raios luminosos com luz azul muito intensa, sob o risco de reduzir os níveis de melatonina necessários a um bom funcionamento da dinâmica do cérebro.

 

A luz azul violeta emitida pelas telas de TV, computadores, celulares e tablets são as principais vilãs da visão perfeita.

 

Inclusive, o excesso de luz nas faixas ultravioleta e azul violeta podem provocar lesões no olho humano, além de inflamação dolorosa da conjuntiva e na córnea, ela pode produzir lesões no cristalino, (catarata) e na retina, (degeneração macular).

 

O QUE É A MELATONINA?

 

A melatonina é um hormônio, produzido no cérebro que apresenta inúmeros benefícios para a saúde, além de controlar o sono e a vigília:

 

  1. Melhora a qualidade do sono

 

Vários estudos demonstram que a melatonina contribui para uma melhor qualidade do sono e ajuda a tratar a insônia, por aumentar o tempo total de sono, e diminuir o tempo necessário para adormecer em crianças e adultos.

 

  1. Possui ação antioxidante

 

Devido ao seu efeito antioxidante, foi demonstrado que a melatonina contribui para o fortalecimento do sistema imune, ajudando a prevenir diversas doenças e a controlar doenças psicológicas e relacionadas ao sistema nervoso. Assim, a melatonina pode ser indicada para auxiliar no tratamento do glaucoma, retinopatia, degeneração macular, enxaqueca, fibromialgia, câncer de mama e de próstata, Alzheimer e isquemia, por exemplo.

 

  1. Ajuda a melhorar a depressão sazonal

 

O “transtorno afetivo sazonal” é um tipo de depressão que acontece durante o período de inverno e que provoca sintomas como tristeza, sono em excesso, aumento do apetite e dificuldade de concentração. Este transtorno ocorre com mais frequência em pessoas que vivem em regiões em que o inverno dura muito tempo. Está associado à diminuição de substâncias do corpo ligadas ao humor e ao sono, como a “serotonina” e a “melatonina”. Nestes casos, a ingestão de melatonina pode ajudar a regular o ritmo circadiano e a melhorar os sintomas da depressão sazonal.

 

  1. Reduz a acidez do estômago

 

A melatonina contribui para a redução da produção de ácido no estômago e também de óxido nítrico, que é uma substância que induz o relaxamento do esfíncter do esôfago, reduzindo o refluxo gastroesofágico. Assim, a melatonina pode ser usada como auxiliar no tratamento desta condição ou isolado, em casos mais ligeiros.

 

COMO E ONDE É PRODUZIDA A MELATONINA?

 

Este hormônio, tão imprescindível ao nosso organismo, proporciona inúmeros benefícios à saúde. Para sua existência e eficácia, depende, tanto dos nossos olhos como da visão. Obedece sempre ao “ciclo circadiano?, isto é, a melatonina só é produzida quando escurece e anoitece. Assim, quando falta a luz solar, os olhos, através da retina, enviam um aviso para um núcleo do cérebro que se localiza justamente onde o nervo óptico se cruza para formar as imagens dos dois olhos, ou seja sobre o quiasma óptico. Pela localização, este local é conhecido como Núcleo Supra Quiasmático, cuja função é enviar sinais para a Glândula Pineal de que já escureceu. A pineal, por sua vez, tem por função produzir e distribuir a Melatonina para a maioria das áreas e os núcleos do cérebro. Com essa ação, todo a maquinaria cerebral (seus neuronios), param de funcionar e podemos dormir e descansar com tranquilidade (Só continuam funcionando os órgãos vitais, coração e pulmão que possuem autonomia). Quando a luz retorna, ao amanhecer, a pineal para de funcionar e de liberar melatonina e todo o cérebro a volta a funcionar normalmente.

 

Outra característica importante do sistema funcional neural que regula a síntese da melatonina é que a luz presente no meio ambiente pode ser bloqueada. Dependendo da intensidade e comprimento de onda dos raios luminosos que recebemos, principalmente a luz azul acima de 480 nm. Esta luz pode prejudicar a síntese e a produção da melatonina trazendo transtornos para inúmeras funções do nosso organismo, como dificuldades com o sono e doenças neurológicas.

 

POSICIONAMENTO DA SBEM SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA METABOLOGIA) SOBRE A MELATONINA

 

“A melatonina é produzida pela glândula pineal na vigência de estimulação noradrenérgica simpática, através de inervação pós-ganglionar originada no gânglio cervical superior. Diferentemente dos hormônios dependentes do eixo hipotálamo-hipofisário, a produção de melatonina não está sujeita a mecanismos de retroalimentação sendo portanto, que sua concentração plasmática não regula sua própria produção. Por outro lado, uma característica funcional essencial desse sistema é ser estritamente controlado pelo sistema de temporização circadiano de tal forma que a produção diária de melatonina obedece precisamente uma condição rítmica do ciclo sono e vigília, sincronizada ao ciclo de iluminação ambiental característico do dia e da noite.

 

Além disso, essa produção rítmica diária, é tal que o pico de produção se dá durante a noite. Essa característica de produção atribui à melatonina um papel extremamente importante que é o de ser essencial no processo de sincronização circadiana do organismo, em particular, do sono e vigília, além de contribuir com o metabolismo energético do corpo humano.

 

Existem vários receptores de melatonina com alta afinidade distribuídos por todo o organismo desde o sistema nervoso central, onde está presente em muitas estruturas, até a periferia do organismo, sendo encontrados em vários órgãos.

 

A melatonina tem seu uso estabelecido na clínica médica no tratamento de distúrbios do sono como insônia por fase retardada, ciclo vigília-sono com períodos diferentes de 24h, latência prolongada para o sono, fragmentação do sono, distúrbios comportamentais do sono REM, correções do sono do idoso, dessincronização entre o ciclo vigília-sono e o dia e a noite, como observado, com frequência, em alguns tipos de cegueira (pré-quiasmáticas). Além disso, e por ser um importante agente regulador do ciclo vigília-sono, também como um agente antioxidante, antiamiloidogênico, neurotrófico e neuroplástico, é usado como um coadjuvante terapêutico em doenças neurológicas e degenerativas (como doenças do espectro do autismo, síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, Síndrome de Smith- Magenis, etc.) que resultam em distúrbios do sono e dos ritmos biológicos circadianos.

 

Particularmente, em relação a esses últimos, a melatonina é vista como um poderoso cronobiótico, isto é, um agente capaz de sincronizar circadianamente muitas funções do organismo. Por isso tem, também, sido usada na correção dos distúrbios causados pelo “jet-lag” (descompensação horária, pessoas que trocam o dia pela noite).

 

Assim, a melatonina ou seus análogos têm sido usados no tratamento de certos tipos de enxaqueca, em distúrbios depressivos, anestesia, como um coadjuvante no tratamento antitumoral e/ou antimetastático, como um poderoso agente limitador das lesões pós-isquêmicas (associadamente à hipotermia no caso da hipóxia e isquemia perinatais, na displasia broncopulmonar do prematuro e no AVC). Também em doenças metabólicas e na Síndrome do Ovário Policístico, etc. Em relação a esse último uso, acumulou-se, nos últimos 20 anos, sólidas evidências experimentais e algumas clínicas, sobre o importante papel da melatonina na regulação do metabolismo energético”.

 

BIBLIOGRAFIA 1. Seabra MLV, Bignotto M, Pinto LR Jr, Tufik S. Randomized, double-blind clinical

 

Itapecerica da Serra, agosto 2022.

 

Professor Vilmario Antonio Guitel

BACHAREL EM OPTOMETRIA

Optometrista, OD – Regional SP CROOSP 02.003

Técnico em Óptica e Lentes de Contato – SENAC SP

Pós Graduação “Alta Optometria Pediátrica” – UNC – SC

Pós Graduação “Magistério do Curso Superior” – UNC – SC

Especialista em Fototerapia Syntonic – Inst. Thea, Florianópolis SC

Optometrista Comportamental – Inst. Thea, Florianópolis SC

Neuroptometrista – Instituto Thea, Florianópolis SC

https://www.especialistaemvisao.com

 

Fonte: Vilmário Antonio Guitel / Portal Opticanet