Giu Pachá é uma designer apaixonada por óculos e pelo trabalho artesanal. Ela é também a profissional que completa o trio de lunetiers brasileiros, mestres da Alfaiataria Eyewear.

Com formação em design gráfico, a Giu descobriu os óculos de madeira em 2017 e, desde então, se dedicou a criar modelos exclusivos e diferenciados.

“Sempre fui apaixonada pelo trabalho artesanal, o fazer com as mãos foi ao longo dos anos tomando mais espaço na minha vida. E na busca por desenvolver algum produto que juntasse a paixão pelo trabalho manual e algo que sempre gostei, descobri os óculos de madeira, que na época eram novidade no Brasil.”, ela conta.

Autodidata, a Giu aprendeu como fazer óculos artesanais e em  2017 lançou alguns modelos, vendendo para clientes diretos e para algumas lojas.

Com o tempo, ela evoluiu para os óculos de acetato e buscou aprimorar seus conhecimentos com profissionais renomados na área,  sempre pensando em fazer algo diferenciado e único.

E foi pesquisando, estudando e buscando referências, que a Giu conheceu o trabalho do Filipe Diniz e do Ricardo Lorente, com quem se encantou e decidiu que seria esse o caminho a trilhar.

“O Saulo Policarpo da Relic me recebeu na sua fábrica por alguns dias e lá pude aprimorar meus conhecimentos e aprender como se faz um óculos do início ao fim. Filipe, Lorente e Saulo são os profissionais que sempre me ajudam, me dão dicas de como trabalhar com o acetato e como fazer um óculos.” declara ela.

Entre os projetos mais marcantes da Giu Pachá está a criação de uma edição limitada de óculos para a 13a. Bienal do Mercosul, onde o desafio foi traduzir o tema da mostra, TRAUMA, SONHO e FUGA, em um modelo de óculos com design exclusivo e com uma “bossa” de arte, mas também comercialmente acessível. Foi feita uma edição limitada numerada e assinada. Com esse projeto, em 2022 ela foi indicada e ganhou o Prêmio Bornancini de Design, em reconhecimento ao seu trabalho e criatividade.

“Fiquei muito feliz com o resultado! Um projeto onde a Arte e o Design estiveram presentes, lado a lado, do início ao fim!”

No seu ateliê na Vila Flores, uma comunidade criativa em Porto Alegre, Giu Pachá cria peças sob medida que começam a ganhar forma em sua mente, e em suas mãos, desde a primeira conversa com o cliente até os retoques finais antes de “ganharem vida” sendo vestidos pelo seu único e exclusivo dono ou dona.

O futuro está na criatividade e na personalização

A lunetier e designer Giu Pachá, acredita que a principal diferença entre os óculos feitos em ateliê sob medida e os feitos em grande escala pela indústria está na criatividade, no design único das armações e no uso de diferentes materiais.

Para quem quer empreender no mercado óptico, Giu Pachá aconselha apostar na exclusividade, personalização e experiência para o cliente. Ela acredita que a ótica do futuro deve vender criatividade e exclusividade, e não mais os óculos “todos iguais”.

Para ela, os óculos são acessórios que vestem o nosso olhar, mas sobretudo, refletem nossa personalidade e, por isso, devem ser acessórios carregados de design e de arte.

A Lunetier Giu Pachá representa a paixão pelos óculos feitos à mão, e pela busca da exclusividade em óculos que são verdadeiras obras de arte. Mas, para além disso, ela enxerga o acetato, a lima, a lixa, e todas ferramentas usadas na Alfaiataria Eyewear, como instrumentos mágicos que ajudam a dar forma aos sonhos de quem faz e de quem usa.

E encerro a nossa história de hoje com três perguntas finais para a Giu Pachá:

S.O.: Quanto tempo leva para ficar pronto um óculos e qual a parte mais difícil de fazer ?

G.P.: Um projeto meu começa com uma conversa e um entendimento junto ao cliente. Suas necessidades e desejos.  Depois, parto para a criação do design, sempre mostrando e decidimos juntos como será o formato, cores e acabamentos. Depois disso, vem a produção. O processo todo leva em média um mês.

S.O.:  Inspiração e criação, como funciona esse processo ?

G.P.: A minha inspiração vem muito da minha vivência no design, seja gráfico (cores e formas), ou de produto (encaixes, materiais, texturas). A arte e a arquitetura também me inspiram, e eu crio sempre a partir de uma forma que tenha visto.

S.O.: Fale sobre o Hands On, a paixão pelo feito a mão.

G.P.: O fazer com as mãos é algo que me move e que faz com que eu queira sempre aprender diferentes técnicas. Trabalhar um material do zero e transformá-lo em um objeto com forma e função é muito divertido e desafiador. É também uma maneira de expor as ideias e emoções.

Fonte: Opticanet / Serjão Óptico