O mercado óptico está crescendo muito para o lado oriental do mundo. As grandes grifes, fabricantes de armações e de lentes tem investido pesado nos países asiáticos.

Mas, este movimento, embora aponte para o futuro, representa também o retorno às origens da nossa indústria óptica. Sabe porque?

Tudo tem a ver com a evolução do vidro no mundo da óptica. Esta é uma história fascinante de inovação e avanço tecnológico, ilustrando como um material pode transformar radicalmente um setor ao longo dos séculos.

Desde as antigas pedras de leitura até os modernos vidros inteligentes, cada avanço representa um marco na melhoria da nossa capacidade de leitura e percepção visual.

E hoje, neste artigo, convido vocês a explorarem essa trajetória para entendermos como o vidro se tornou um elemento essencial na evolução contínua da tecnologia óptica.

Tudo começou a partir de minerais como o berilo e o quartzo, usados em mosteiros para ampliar textos e facilitar a leitura. Essas pedras preciosas eram lapidadas e polidas para criar uma espécie de lupa, conhecida como pedra-de-leitura. No século XIII, monges e frades italianos, influenciados pela obra de Alhazen, físico muçulmano considerado o “pai da óptica moderna”, começaram a produzir as primeiras pedras polidas e semi-moldadas, as denominadas “Pedras de Leitura”. Esse avanço representou um marco na época, substituindo as pedras preciosas por uma opção mais acessível e amplamente disponível: o vidro.

Saindo do oriente e indo para o ocidente, chegamos a Murano, na Itália. Uma ilha famosa pela tradição na fabricação de vidros, que os artesãos aprimoraram suas técnicas, criando lentes de vidro mais claras e precisas, fundamentais para o desenvolvimento dos primeiros óculos. O vidro, com sua maleabilidade e transparência superior, tornou-se durante muitos anos uma das poucas ou a única opção para a confecção de lentes na indústria óptica.

Com o tempo, as lentes evoluíram, passando de simples peças de vidro ou cristal lapidado para sofisticados instrumentos ópticos capazes de oferecer visão clara e corrigida. Surgiram inovações como lentes bifocais e progressivas, melhorando significativamente a experiência do consumidor.

No entanto, a verdadeira revolução na óptica ocorreu com a introdução de tecnologias e equipamentos digitais. À medida que as lentes evoluíam, a indústria começou a explorar o potencial dessas tecnologias. A integração dessas tecnologias com as lentes permitiu ampliar o desempenho do campo de visão e da nitidez do consumidor, além dos ganhos de estética e conforto.

Chegamos então aos vidros espertos. Os vidros inteligentes.  Eles representam a mais recente fronteira na óptica. Esses dispositivos não são apenas meios passivos para corrigir a visão, mas plataformas ativas que integram tecnologias avançadas, como realidade aumentada e inteligência artificial. Com a combinação dessas tecnologias, os vidros inteligentes podem projetar informações digitais diretamente no campo de visão do usuário, tornando a experiência de leitura e interação visual mais imersiva e adaptável.

Quem está acompanhando as últimas notícias do mercado, viu que no centro de tecnologia da ZEISS Microoptics estão transformando o vidro normal em superfícies utilizáveis que vão redefinir a maneira como interagimos com o nosso ambiente, Zhong-Schipp, física chinesa líder da equipe de design óptico da Zeiss Microoptics, (olha o oriente de novo aí),  explica que, com a combinação de inteligência artificial, os veículos podem aprender a reconhecer perigos e destacá-los diretamente no campo de visão do motorista. Isso torna a condução não apenas mais confortável, mas também mais segura.  Assim, a jornada das pedras de leitura de Murano aos vidros inteligentes é um exemplo notável da capacidade humana de inovar e adaptar tecnologias para melhorar a vida cotidiana.

Imagine dirigir um carro equipado com vidro inteligente, em que informações essenciais de navegação são projetadas no para-brisa. Isso elimina a necessidade de desviar o olhar da estrada, proporcionando uma experiência mais segura e integrada. Além disso, espelhos inteligentes em residências podem exibir notícias, e-mails ou lembretes, transformando uma superfície comum em uma interface interativa.

O vidro, nesse contexto, transforma-se de uma ferramenta de correção visual em um interface interativo e dinâmico, capaz de projetar informações digitais diretamente no campo de visão do usuário.

À medida que avançamos para o futuro, podemos esperar uma integração ainda mais profunda e personalizada da tecnologia em nossas vidas. A óptica continuará a evoluir, em todas as direções, de norte a sul, de leste a oeste, impulsionada por inovações incrementais e revolucionárias, que nos levarão a novos patamares de interação visual e capacidades perceptivas.

Com o vidro como um componente essencial nessa jornada, é emocionante imaginar as possibilidades que o futuro reserva para a óptica e para a forma como vemos e interagimos com o mundo ao nosso redor.

Fonte: SerjãOÓptico / Zeiss Group / Portal Opticanet