Programas de resgate e a renegociação dos empréstimos possibilitaram que a inadimplência entre as pessoas jurídicas permanecesse sob controle (Arte: TUTU)
As empresas brasileiras pagaram R$ 103,1 bilhões em juros entre janeiro e junho deste ano. O índice é 12,6% maior em comparação ao mesmo período de 2020 – o que representa R$ 11,6 bilhões a mais. Os dados são de um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O valor dos juros pago por pessoas jurídicas no período representa duas vezes o montante previsto para ser liberado pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) até o fim de 2022, estimado em R$ 50 bilhões.
Embora a taxa de juros cobrada no período tenha permanecido estável, o índice está relacionado ao efeito do ciclo de alta da Selic sobre algumas linhas de crédito. O próprio crescimento deste mercado resulta em aumento do valor de juros.
Além disso, a renegociação dos empréstimos com carência e incidência de juros sobre o saldo devedor, durante o período da pandemia, pode ter motivado o aumento de 4,2% em relação a 2021 no montante de juros pagos pelas empresas.
Queda na inadimplência
Por outro lado, a inadimplência entre as pessoas jurídicas caiu, aponta levantamento da FecomercioSP. Os valores nos atrasos superiores a 90 dias atingiram, em junho deste ano, R$ 22,1 bilhões – 7,2% a menos que os observados no primeiro semestre de 2020 (R$ 23,7 bilhões). Contudo, na comparação com 2021, quando o valor em atraso era de R$ 20,5 bilhões, o índice aumentou 8,2%.
É inegável que o crédito, nos últimos dois anos, foi fundamental para evitar a falência de muitas empresas, preservar empregos durante o período de pandemia – diante das restrições impostas a grande parte das atividades – e ditar o ritmo da retomada da economia.
Os programas de resgate e a renegociação dos empréstimos, contemplando carência e prazo maior de pagamento, possibilitaram que a inadimplência entre as pessoas jurídicas permanecesse sob controle e em patamar inferior aos seis primeiros meses de 2020.
Por fim, de acordo com o levantamento da FecomercioSP, os dados não deixam dúvida de que o crédito no Brasil impõe um custo elevado tanto para as famílias como para as empresas, pois retira da sociedade pouco mais de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) semestral, a título de pagamento de juros, representando uma parcela substancial de rendimentos. Consequentemente, inibe a capacidade de consumo e de investimento.